Pequenas sequências de RNA capazes de "desligar" efetivamente genes específicos foram utilizadas pela primeira vez para tratar câncer de pele em seres humanos.A Técnica utilizada, conhecida por RNA de interferência (RNAi - sigla em inglês) rendeu a seus inventos - res um Prêmio Nobel em 2006.
Mas os pesquisadores têm encontrado dificuldades para levá-la à prática clínica, em parte por causa dos problemas na obtenção das moléculas apropriadas a este objetivo.
Agora, Mark Davis do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, em parceria com outros colegas, descobriram um modo de fornecer partículas que contenham tais sequências a pacientes com melanoma (câncer de pele). Ao analisar as biópsias de tumores após o tratamento, eles perceberam que as partículas tinham inibido a expressão de um gene-chave, chamado RRM2, necessário para a multiplicação de células cancerosas. Sua pesquisa foi publicada na revista científica Nature.
Os pesquisadores criaram as partículas, a partir de dois polímeros mais uma proteína que se liga a receptores, na superfície de células cancerosas e pedaços de RNA chamados pequenos RNA interferentes (ou siRNA), projetados para impedir que o gene RRM2 se transforme em proteína. O siRNA age de duas maneiras: aderindo ao RNA mensageiro (mRNA) que carrega o código genético ao mecanismo de produção de proteína da célula; e assegurando que as enzimas cortem o mRNA num ponto especifico.
Quando os componentes são misturados em água, eles se agregam em partículas de cerca de setenta nanômetros de diâmetro. Os pesquisadores podem então administrar as nanopartículas na corrente sanguínea dos pacientes, onde essas partículas circularão até encontrar vasos sanguíneos "gotejantes" que suprem os tumores com sangue. As partículas passam, então, através dos vasos para o tumor, onde se ligam à célula e são absorvidas.
Uma vez dentro da célula, as nanopartículas se separam, liberando o siRNA. As outras partes da nanopartícula são tão pequenas que são expelidas na urina.
"A nanopartícula penetra no corpo, burla o sistema imunológico, libera o siRNA, e os componentes fragmentados são eliminados", resumiu Davis.
Cenário Entusiasmante
O estudo dos pesquisadores descreve o método científico empregado na fase I de testes que avaliou a segurança da técnica em quinze pacientes. Ao analisarem as amostras do tumor de três pacientes que se ofereceram como voluntários, os pesquisadores encontraram fragmentos do mRNA exatamente com a extensão e a sequência que esperavam de seu siRNA criado. E em pelo menos um paciente, os níveis da proteína eram mais baixos que nas amostras dos tumores coletados antes do tratamento. Descobriram, também, que os pacientes que haviam recebido doses maiores apresentavam níveis mais elevados de siRNA em seus tumores
Os pesquisadores precisarão de mais informações dos testes clínicos para ter certeza de que tais terapias são seguras para o uso em seres humanos. Davis, no entanto, diz que seu estudo significa que existem agora evidências diretas de que as nanopartículas e o RNAi possam ser utilizados para atacar os genes nocivos em seres humanos e não apenas nos testes de laboratório.
"O que é muito estimulante é que virtualmente qualquer gene pode ser atingido, agora", ele afirmou. "Cada proteína é uma droga potencial".
Davis diz que ao atingir genes específicos ele espera que esses tratamentos não tenham efeitos colaterais significativos."Minha esperança é que possamos acabar com os tumores e ao mesmo tempo propiciar uma ótima qualidade de vida aos pacientes", afirmouentes" firmou, "estamos chegando mais próximos disso, agora".
Alguns pesquisadores, no entanto, preocupam-se com o fato de o tratamento não ter sido testado em um número maior de pacientes, e que mais amostras não tenham sido coletadas de cada paciente. Thomas Tuschi, biólogo molecular da Rockfeller University, em Nova York, afirma que: "É muito empolgante que tais nanopartículas, em esquema de doses múltiplas, possam alcançar um tecido e ter efeitos mensuráveis". Isto é, ele complementou, se se deseja acreditar nos dados do único paciente que teve níveis mais baixos de proteína.
"Espero que esses dados possam ser confirmados no futuro", ele acrescentou. O engenheiro biomédico Daniel Anderson do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambrigde, vem tentando desenvolver sistemas de fornecimento de RNAi e acha que os dados encontrados representam um grande início.
"Em geral, as pessoas que se preocupam em produzir remédios para doenças entendem que os animais não são iguais às pessoas", afirmou. Há muitos dados estimulantes com animais, mas em última instância, o benefício desses tipos de terapias da liberação de drogas deve ser avaliado nos seres humanos, e é por essa razão que esse estudo é importante. "Embora não signifique que esteja concluído".
Por:Janet Fang
Tradução: Nilza Laiz Nascimento da Silva
(Fonte: Portal Ciência & Vida)
Muito boa noticia, são essas que devemos ter, saber que o avanço tecnológico não para a procura de melhores métodos de tratamentos.
ResponderExcluirAbraços forte
Como td mundo fico entusiasmada com essas notícias, o que me desespera é a lentidão das pesquisas. Ouve-se falar em milhões e milhões de dólares doados para a pesquisa do câncer e n há meio de erradicarem o mal. Enquanto isso, td dia morre uma quantidade absurda de gente e outras tantas descobrem q estão com a doença. Para quem n a tem só resta rezar p q a desgraça n lhe caia em cima e pior, em algum membro da família.
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